Processos Patológicos

Alterações circulatórias

 

 1 Hiperemia

Consiste no aumento da quantidade de sangue no interior dos vasos de um órgão ou interior orgânico.  a hiperemia pode ser ativa ou passiva (Figura 1a):
 

1.1. Hiperemia ativa: consiste em dilatação arteriolar com aumento de fluxo sanguíneo local. a vasodilatação tem origem simpática ou  humoral e leva a abertura de capilares “inativos”, o que resulta na coloração rósea intensa ou vermelha do local atingido, além de aumento de temperatura.

* Microscopicamente os capilares encontram-se repletos de hemácias (Figura 1b).

    1.1.1 Hiperemia ativa fisiológica: ocorre quando há necessidade de uma maior irrigação, como ocorre nos músculos esqueléticos durante um exercício físico, na mucosa gastrointestinal durante a digestão, na pele em ambientes quentes (para aumentar a perda de calor) ou na face diante de emoções.  

1.1.2 Hiperemia ativa patológica: acompanha inúmeros processos patológicos, principalmente inflamações agudas.

 

1.2 Hiperemia passiva ou congestão: decorre de redução da drenagem venosa, que provoca distensão de veias distais, vênulas e capilares; por isso mesmo, a região comprometida adquire uma coloração vermelho escura, devido a alta concentração de hemoglobina desoxigenada.

 Figura 1A: esquema sobre hiperemia

 
 

Figura1B: Hiperemia ativa patológica (de causa inflamatória) na apendicite aguda. (A) ver vasos com hiperemia na serosa do apêndice (seta azul) e (B) detalhes dos vasos repletos de hemácias (hiperemia). Fonte das imagens: https://anatpat.unicamp.br/lamdc2.html.

 

2 Hemorragia 

É a saída de sangue do espaço vascular (vasos e coração) para o compartimento extrascular (cavidades ou interstício) ou para fora do organismo (Figura 2). A hemorragia pode ser interna ou externa. 

Figura 2- Hemorragia- (A) Macroscopia de cérebro (fixado em formol): Observa-se quantidade moderada de sangue, de coloração enegrecida, acumulada no espaço subaracnóide. Esta hemorragia recente foi devido à rotura de aneurisma; (B) detalhes do local de rotura do aneurisma e o acúmulo de sangue na região do quiasma óptico; (C) Microscopia de mucosa retal mostrando hemorragia intensa e (D) Microscopia de mandíbula, mostrando hemorragia extensa em região intra-óssea (TO) (mandíbula). Fonte: (A e B: https://www.uftm.edu.br/patge, C: De La Grandmaison et. al. Rectal wall hemorrhage in hanging autopsy cases. Jul;14(4):172-6. 2012.01.011. Epub 2012 Feb 26 e D: https://143.107.23.244/lido/patoartegeral/patoartecir7.htm.

3 Trombose

É o processo patológico caracterizado pela solidificação do sangue dentro dos vasos ou do coração, em indivíduos vívos. Trombo é a massa sólida formada pela coagulação do sangue (3 A). Coágulo, por outro lado significa, massa não estruturada de sangue, fora dos vasos ou coração (ex.sangue dentro da cavidade peritoneal) ou formado pela coagulação após a morte (com a parada da circulação, o sangue tende a coagular-se no interior dos vasos e do coração) (3 B). 
 
Figura 3A:  Trombose: (A) macroscopia de trombose oclusiva de mesentérica: observar a luz totalmente ocluída por um material pardo, friável e aderido à parede; (2) Microscopia de feixe vasculo nervoso corado em HE: observar a massa sanguínea eosinofilica intercaladas com áreas menos eosinofílicas aderida a parede.
Fonte das imagens: https://www.icb.ufmg.br/pat/setores/museu/banco_imagens.htm

Figura 3 B- Diferenças entre trombose e coágulo: (A) macroscopia de trombose oclusiva de mesentérica; (B) macroscopia de trombose na veia ilíaca; em (A) e (B) a luz está totalmente ocluída por um material pardo, friável e aderido à parede (trombo); Em (C e D) observar um material liso, gelatinoso, brilhante e solto dentro do coração (coágulo). 

Fonte das imagens:                                                                                                                                       

https://www.icb.ufmg.br/pat/setores/museu/banco_imagens.htm 
https://anatpat.unicamp.br/pecascard1.html

 

Inflamação

1 Cicatrização: Cirrose hepática

    A cirrose hepática é caracterizada por subversão difusa da arquitetura hepática normal por nódulos de hepatócitos em regeneração circundados por tecido conjuntivo. É o estágio final comum, de uma variedade de doenças, de causas variadas, sobretudo alcoolismo e hepatites virais e autoimunes, além de processos de natureza metabólica, vascular ou biliar (Figura 1).

    A cirrose é hoje uma das principais causas de morte no mundo ocidental, contabilizando-se cerca de 27.000 mortes nos estados unidos em 2004 e mais de 228.145 anos potencias de vida perdidos. Em 2002, no Estado de São Paulo, registrou-se a mortalidade de 10,31 por 100.000 habitantes na faixa de 65 a 69 anos. No serviço de verificação de óbitos da capital- São Paulo, cirrose hepática foi diagnosticada em 7,1% das autópsias realizadas em 2003.

    O conceito de cirrose hepática baseia-se em três lesões fundamentais:

(1) Neoformação conjuntiva em todo o órgão

(2) Formação de nódulos de parênquima hepático circundados por fibrose, em geral com regeneração hepatocitária.

(3) Subversão da arquitetura lobular.

Fonte: Brasileiro-Filho et al. et. al. Bogliolo – Patologia. 8ª ed., Guanabara Koogan, 2011.

 

Figura 1- Cirrose hepática: características macro e microscópicas e as principais consequências da cirrose hepática. Profa. Núbia Braga Pereira.

 

Para saber mais detalhes sobre a cirrose hepática acesse: